Carta aberta à Russel T Davies.

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Brasil, 24 de setembro de 2021

 

Você não imagina como é bom te ter de volta.

Mas antes de você embarcar, de novo, nessa loucura – das boas – que é estar a frente de Doctor Who, tem umas coisas que você precisa saber. Muita coisa mudou por aqui desde que você apagou as luzes do console da TARDIS do 10° Doutor, sabe?

De lá pra cá, a série que você trouxe de volta, que antes era quase que de completo domínio britânico, a novelinha da Rainha, agora é gigante, tipo, gigante mesmo, o mundo inteiro conhece, e o mundo inteiro ama. A série que você trouxe de volta lá em 2005, sinto lhe informar, deu mais do que certo, e é um sucesso mundial. Mas isso você já sabe né? Você nunca deixou a gente pra trás, não de verdade.

Agora, muitas pessoas, assim como você, amam essa série. E muita gente, assim como você, aprendeu muita coisa com essa série. Lembra lá em 2005, quando você disse que “o Doutor era mais humano que o melhor dos humanos que a gente podia imaginar...”? isso ficou comigo, por que essa visão, de que esse personagem, apesar de ser um alienígena de outro planeta, tinha dentro dele humanidade, como se ser humano significasse ser bom, fazer o bem e sempre apresentar a nossa melhor versão, foi passada de geração para geração. E todas as encarnações desse personagem, mesmo as que você não escreveu, ensinaram isso, bondade, gentileza, e no seu todo, humanidade.

Eu tenho que te falar, e eu sei que você já sabe, mas algumas pessoas não entenderam muito bem essa mensagem, que o que move esse personagem é a ternura e a bondade que ele passa para todas as suas encarnações, e com a internet, atualmente, todo mundo se sente um pouquinho dono de Doctor Who, e uma minoria, minoria mesmo, vem fazendo o completo oposto. Eu vi que você ficou feliz quando anunciaram a primeira Doutora mulher, você imaginava isso? Depois de tanto tempo, agora ela é uma mulher, isso foi importante, a representatividade que isso trouxe para tantas mulheres que eram fãs de Doctor Who e que agora se veem ali, no papel principal, a heroína.

Mas nem tudo foi fácil pra Jodie Whittaker, aquela minoria sabe? E todo esse caminho também foi difícil para o Chibnall, que nessa busca por inclusão e representatividade, cometeu alguns erros, erros que considero justificáveis, uma vez que o que se buscava era fazer com que todas as pessoas se sentissem representadas aqui, se sentissem vistas e ouvidas e que, como você fez muito bem antes, Doctor Who abordasse temas relevantes. No fim, o que vai ficar na nossa memória são as coisas boas, sempre são os bons momentos que perduram, a primeira mulher, a que abriu espaço para todas as outras, isso é legado e história.

Eu sempre acreditei na sua visão para essa personagem, sempre acreditei na “humanidade” que você moldou nessa alienígena quando trouxe ela de volta, sempre acreditei que essa “humanidade” era o bem que você queria ver em todos que assistem a série, e eu ainda acredito que Doctor Who trás esse conforto, por que lá atrás você decidiu que seria assim. Doctor Who é sobre humanidade e união, e nos 40 minutos em que essa série está no ar, os problemas desaparecem, é a Doutora, a TARDIS e uma grande aventura.

Seja muito bem vindo, de novo. Vai ser uma jornada toda nova pra você, mesmo já tendo estado nesse papel antes. Nós amamos essa série, e tenho certeza de que ela está em boas mãos.

Luv Doctor Who Brasil.

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