REVIEW: Revolution of the Daleks.

15:56 luvdoctorwho 5 Comments

Se existe jeito melhor de começar o ano, eu desconheço. Começar o ano, lavando a alma e assistindo a mais um especial de ano novo da nossa série preferida.

10 meses se passaram aqui na terra desde que vimos a Doutora sendo presa no episódio "Timeless Children", naquele 1 de março de 2020, pouco tempo antes do mundo colapsar pelo Corona Vírus. E que falta essa mulher fez. Tudo teria sido mais fácil com ela nas nossas vidas, não é? E é exatamente isso que Revolution of the Daleks mostrou, que tudo é mais fácil quando a Doutora está lá. Em 70 minutos, nós rimos, nós choramos e nós encerramos mais um ciclo de Doctor Who.

No maior estilo Star Wars, nos primeiros minutos do episódio somos levados ao encontro de Jack Robertson, personagem do ator Chris Noth, visto pela última vez no terrível Aracnídeos of the Uk. Dessa vez ele se juntou a Leo Rugazzi, personagem do ator Nathan Stewart-Jarrett, que entregou um ótimo desempenho no especial, para construir um drone de defesa, baseado na armadura dos Daleks. E o que poderia dar errado? Daleks como drones de defesa: no lugar do laser, água, no lugar do "desentupidor" gás de fumaça, e tudo isso desenvolvido para dissipar multidões em protestos. Quando se trata de crítica social foda, Chris Chibnall é um gênio. O que acontece quando o Estado tenta sufocar manifestações populares? Qual o resultado de armar a força polícial que é claramente despreparada para lidar com atos pacíficos ou não? Todos assuntos atuais e extremamente relevantes. Passando por esse ano que terminou, poderíamos citar incontáveis vezes onde a mão do Estado matou inocentes em protestos pacíficos e Constitucionais. E obviamente, os planos do Jack Robertson dariam errado. Ele não sabia que o seu assistente estava criando o seu próprio Dalek de estimação em laboratório. Com vários flashbacks ao último especial de ano novo, Resolution, onde vimos a Doutora destruindo o Renaissance Dalek que se conectavam ao corpo humano e tinha o poder de controle total do nosso cérebro, assistimos o mesmo acontecer com o Leo Ruggazzi. E assim começava a Revolução dos Daleks.

Partindo dessa premissa, encontramos a Fam na terra do mesmo jeito que a gente: Há 10 meses sem ver a Doutora. Vimos ela muito pouco nesse hiato entre o fim da temporada e o começo das divulgações do especial. Tudo o que sabíamos era que ela estava presa, ou seja, sabíamos ainda mais que a Fam. 10 meses se passaram e eles seguiram a vida, bom, pelo menos dois deles, bom, o Ryan seguiu a vida. Encontramos uma Yaz diferente da que vimos nas outras duas temporadas de Doctor Who. Uma Yaz focada e determinada em encontrar a Doutora. Enquanto o Ryan seguiu os passos de companions como a Martha Jones, percebendo que eles eram um pontinho minúsculo na vida infinita da Doutora, e que ela talvez nunca voltasse, seguindo com sua vida na terra, preocupado com seus amigos e em seguir em frente, a Yaz seguiu os passos de Companions que não conseguiram se adaptar a vida na terra sem a Doutora, sem o espaço, sem o infinito proporcionado pela vida na TARDIS, lembrando as inesquecíveis Sarah Jane e Rose Tyler. E claro, você pode estar achando que não vimos nada do que aconteceu com o Graham durante a ausência da Doutora, e foi o que eu pensei enquanto assistia, mas no final, percebemos que o que move esse personagem é o amor pela Grace e o amor pelo seu neto. O Graham faria o que fosse para estar perto do Ryan e para cuidar dele. No começo, esse personagem decidiu viajar com a Doutora para poder estar com o seu neto e no final ele decidiu desistir do infinito para fazer o mesmo.

E enquanto tudo isso está acontecendo com a Fam, a Doutora está presa. Por décadas segundo ela. Nada de grandioso foi revelado sobre a prisão onde ela estava. Aliás, para mim, uma das falhas do episódio foi ter desenvolvido esse plot rápido demais. Era uma prisão eterna, com outros monstros, tinha Weeping Angel, tinha Silencio, tinha Pting e tinha tempo.

Todo dia ela levantava, olhava para o céu, marcava mais um dia, comia, ia para o exercício e o dia acabava. E assim ela passou o seu tempo contando histórias para si mesma. Passou o seu tempo, achando que ia enlouquecer, quando ouviu uma batida na parede. Mas sempre lembrando que existiam pessoas, três pessoas que estavam esperando por ela. Não demorou muito até o Capitão Jack Harkness aparecer e revelar que tinha cometido vários crimes para ser levado até a prisão e poder salva-la, trazendo mais flashbacks ao episódio The Fugitive of the Judoon, onde ele conta para a Fam que se a Doutora precisa-se ele estaria lá. No geral, o desenvolvimento desse plot, foi rápido demais. Fácil demais. Durante a pouca divulgação do especial, focaram muito no fato de ela estar presa, a maior parte das imagens promocionais era da Doutora na cadeia. E essa história praticamente não foi usada. O motivo dela estar presa, os crimes que a Doutora Fugitiva cometeu, não foram abordados em momento nenhum. E o seu tempo em cárcere foi resolvido rapidamente. Talvez porque essa história será usada na próxima temporada ou talvez porque esse especial seria sobre o 'momento de os Companions brilharem'.

Todos reparamos que nesse ano não tivemos uma sinopse oficial. E a sinopse liberada dizia que a Doutora estava presa e os Companions teriam que dar um jeito de lidar com a ameaça Dalek sem a Doutora com a ajuda do Capitão Jack. O que me levou a pensar que finalmente eles teriam um grande momento. Eu esperava que eles realmente fossem se unir com o Capitão, para salvar a Doutora e então derrotar os Daleks. Um grande momento antes do Adeus. Mas não foi o que aconteceu. Apesar do episódio pela primeira vez ter dado um bom espaço para os Companions, que dessa vez tiveram tempo hábil, que dessa vez tiveram uma conexão real com a Doutora - O Ryan literalmente chegou falando 'chega disso aí, bora falar a verdade do que está acontecendo, nós já estamos com você a tempo suficiente - o episódio pecou em entregar o desenvolvimento que esperávamos. O Graham foi um dos personagens mais negligenciados durante os 70 minutos de especial e claro, deixou espaço para o Capitão Jack Harkness brilhar. Não existe no universo de Doctor Who alguém que ame mais essa série do que John Barrowman. Ver o nome dele nos créditos novamente me emocionou, ver ele encontrando a Doutora me emocionou, ver que mesmo depois de tanto tempo, a química dos dois continua intacta me trouxe de volta a primeira temporada da New Who, onde tudo era novidade e tudo fazia meu olho brilhar. Me fez odiar um pouquinho Steven Moffat, não vou mentir, por não ter dado a chance desse personagem tão importante para a mitologia de Doctor Who, encontrar outros Doutores. Vocês conseguem imaginar, Jack Harkness e o 12ª Doutor? Não haveria espaço na TARDIS para tanta química. Partiu dele as melhores lembranças, partiu dele a sensação de nostalgia e partiu dele a volta daquela sensação de carinho eterno de Doctor Who. Não vai existir um momento onde iremos cansar desse personagem.

Em 70 minutos de episódio, Doctor Who entregou uma história redonda que nos fez voltar no tempo para a era de Russel T Davies quando todos os Daleks estavam sempre voando pelo céu de Londres. No final acredito que todos nós nos emocionamos mais do que esperávamos com a despedida do Ryan e do Graham. Ryan queria seguir sua vida na terra e seu avô só queria passar o máximo de tempo possível com ele, na terra, no espaço, onde fosse. O importante para o Graham desde o começo sempre foi poder estar com o seu neto e sinceramente, não existe sentimento mais bonito. Quanto a Doutora vimos que os acontecimentos de Timeless Children ainda a afetam de maneiras que não entendemos completamente. Percebemos também que apesar da 13ª Doutora ter sido apresentada com arco-íris e felicidade, durante sua era vimos que o desenvolvimento da personagem mostra claramente uma falta de habilidade ao lidar com os sentimentos trazidos pela sua nova regeneração. Ela não consegue ficar triste, ela não consegue lidar com a tristeza na despedida do Ryan e do Graham, a Yaz tem que falar pra ela que está tudo bem sentir aquilo, no momento em que ela está pronta para mudar a linha temporal e impedir que eles seguissem com suas vidas. Isso ressalta ainda mais os momentos onde ela quer passar que está tudo bem, quando na verdade está claro que por baixo de tudo ela está com medo e passando por um turbilhão de emoções. Isso explica porque ela não conseguia se comunicar com eles e o que antes nós chamávamos de falta de empatia. No final ela não pensou duas vezes antes de chamar mais Daleks para a terra.  Existem mais camadas na personalidade dessa Doutora para serem descobertas. 

A Yaz demonstrou que tem sim potencial para estar em mais uma temporada. Ela foi claramente a Companion mais desenvolvida e usada durante o especial e seus momentos com o Capitão Jack foram memoráveis. Me faz pensar que talvez a entrada de mais um Companion não seja de todo o mal.

Doctor Who abriu 2021 de forma espetacular, com suas referências e emoções. Podemos agora só aguardar pela 13ª temporada esperando que o que vem por aí seja tão bom quanto.

Comentários
5 Comentários

5 comentários:

  1. Só do Chibnall não ter dado um final trágico desnecessário para um companion do Doutor já faz ele melhor que o Moffat.

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  2. Vou postar aqui um pouco do trecho que mandei no email pro DWBRCast pq acho pertinente de falar.

    Um questionamento que pensei enquanto lia os Tweets do Baruc e até respondi ele lá. A doutora ficar presa por décadas ou 4 dias lá dentro, n fez diferença pro Plot do Episodio. Eu espero q seja mais abordado e falado sobre na series 13, por quê se ela tivesse fugido de gallifrey em timeless children, encontrado o Jack num bar e resolvesse apresentar ele pra Fam e nisso errar a Data por 10 meses(ja aconteceu inúmeras vezes antes) teria exatamente o mesmo desenvolvimento de episodio que recebemos em revolution, pra tanto foco na prisão durante a divulgação do especial, ela se tornou só um cantinho de 4 minutos usado pra fanservice, que não teve real valor dentro do episodio após os 20 minutos iniciais e até o motivo pra Doutora ser presa foi um motivo banal e pareceu jogado só pra ter uma desculpa.

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  3. Só digo que vou sentir muita falta do Graham e do Ryan.Eu me apeguei demais a eles e foi dificil dizer Adeus...

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  4. Queria que o Ryan e o Grahan continuassem, seria incrível, mas só o fato deles não terem um final tragico já me deixa alegre, e dá a brecha (quem sabe) de uma outra aparição deles.

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