REVIEW: Revolution of the Daleks.
Se existe jeito melhor de começar o ano, eu desconheço. Começar o ano, lavando a alma e assistindo a mais um especial de ano novo da nossa série preferida.10 meses se passaram aqui na
terra desde que vimos a Doutora sendo presa no episódio "Timeless
Children", naquele 1 de março de 2020, pouco tempo antes do mundo colapsar
pelo Corona Vírus. E que falta essa mulher fez. Tudo teria sido mais fácil com
ela nas nossas vidas, não é? E é exatamente isso que Revolution of the Daleks
mostrou, que tudo é mais fácil quando a Doutora está lá. Em 70 minutos, nós
rimos, nós choramos e nós encerramos mais um ciclo de Doctor Who.
No maior estilo Star Wars, nos
primeiros minutos do episódio somos levados ao encontro de Jack Robertson,
personagem do ator Chris Noth, visto pela última vez no terrível Aracnídeos of
the Uk. Dessa vez ele se juntou a Leo Rugazzi, personagem do ator Nathan
Stewart-Jarrett, que entregou um ótimo desempenho no especial, para construir
um drone de defesa, baseado na armadura dos Daleks. E o que poderia dar errado?
Daleks como drones de defesa: no lugar do laser, água, no lugar do
"desentupidor" gás de fumaça, e tudo isso desenvolvido para dissipar
multidões em protestos. Quando se trata de crítica social foda, Chris Chibnall
é um gênio. O que acontece quando o Estado tenta sufocar manifestações
populares? Qual o resultado de armar a força polícial que é claramente
despreparada para lidar com atos pacíficos ou não? Todos assuntos atuais e
extremamente relevantes. Passando por esse ano que terminou, poderíamos citar
incontáveis vezes onde a mão do Estado matou inocentes em protestos pacíficos e
Constitucionais. E obviamente, os planos do Jack Robertson dariam errado. Ele
não sabia que o seu assistente estava criando o seu próprio Dalek de
estimação em laboratório. Com vários flashbacks ao último especial de ano novo,
Resolution, onde vimos a Doutora destruindo o Renaissance Dalek que se
conectavam ao corpo humano e tinha o poder de controle total do nosso cérebro,
assistimos o mesmo acontecer com o Leo Ruggazzi. E assim começava a Revolução
dos Daleks.
Partindo dessa premissa,
encontramos a Fam na terra do mesmo jeito que a gente: Há 10 meses sem ver a
Doutora. Vimos ela muito pouco nesse hiato entre o fim da temporada e o começo
das divulgações do especial. Tudo o que sabíamos era que ela estava presa, ou
seja, sabíamos ainda mais que a Fam. 10 meses se passaram e eles seguiram a
vida, bom, pelo menos dois deles, bom, o Ryan seguiu a vida. Encontramos uma Yaz
diferente da que vimos nas outras duas temporadas de Doctor Who. Uma Yaz focada
e determinada em encontrar a Doutora. Enquanto o Ryan seguiu os passos de
companions como a Martha Jones, percebendo que eles eram um pontinho minúsculo
na vida infinita da Doutora, e que ela talvez nunca voltasse, seguindo com sua
vida na terra, preocupado com seus amigos e em seguir em frente, a Yaz seguiu
os passos de Companions que não conseguiram se adaptar a vida na terra sem a
Doutora, sem o espaço, sem o infinito proporcionado pela vida na TARDIS,
lembrando as inesquecíveis Sarah Jane e Rose Tyler. E claro, você pode estar
achando que não vimos nada do que aconteceu com o Graham durante a ausência da
Doutora, e foi o que eu pensei enquanto assistia, mas no final, percebemos que
o que move esse personagem é o amor pela Grace e o amor pelo seu neto. O Graham
faria o que fosse para estar perto do Ryan e para cuidar dele. No começo, esse
personagem decidiu viajar com a Doutora para poder estar com o seu neto e no
final ele decidiu desistir do infinito para fazer o mesmo.
E enquanto tudo isso está
acontecendo com a Fam, a Doutora está presa. Por décadas segundo ela. Nada de
grandioso foi revelado sobre a prisão onde ela estava. Aliás, para mim, uma das
falhas do episódio foi ter desenvolvido esse plot rápido demais. Era uma prisão
eterna, com outros monstros, tinha Weeping Angel, tinha Silencio, tinha Pting e
tinha tempo.
Todo dia ela levantava, olhava
para o céu, marcava mais um dia, comia, ia para o exercício e o dia acabava. E
assim ela passou o seu tempo contando histórias para si mesma. Passou o seu
tempo, achando que ia enlouquecer, quando ouviu uma batida na parede. Mas sempre
lembrando que existiam pessoas, três pessoas que estavam esperando por ela. Não
demorou muito até o Capitão Jack Harkness aparecer e revelar que tinha cometido
vários crimes para ser levado até a prisão e poder salva-la, trazendo mais
flashbacks ao episódio The Fugitive of the Judoon, onde ele conta para a Fam
que se a Doutora precisa-se ele estaria lá. No geral, o desenvolvimento desse
plot, foi rápido demais. Fácil demais. Durante a pouca divulgação do especial,
focaram muito no fato de ela estar presa, a maior parte das imagens
promocionais era da Doutora na cadeia. E essa história praticamente não foi
usada. O motivo dela estar presa, os crimes que a Doutora Fugitiva cometeu, não
foram abordados em momento nenhum. E o seu tempo em cárcere foi resolvido
rapidamente. Talvez porque essa história será usada na próxima temporada ou
talvez porque esse especial seria sobre o 'momento de os Companions brilharem'.
Todos reparamos que nesse ano
não tivemos uma sinopse oficial. E a sinopse liberada dizia que a Doutora
estava presa e os Companions teriam que dar um jeito de lidar com a ameaça
Dalek sem a Doutora com a ajuda do Capitão Jack. O que me levou a pensar que
finalmente eles teriam um grande momento. Eu esperava que eles realmente fossem
se unir com o Capitão, para salvar a Doutora e então derrotar os Daleks. Um
grande momento antes do Adeus. Mas não foi o que aconteceu. Apesar do episódio
pela primeira vez ter dado um bom espaço para os Companions, que dessa vez
tiveram tempo hábil, que dessa vez tiveram uma conexão real com a Doutora - O
Ryan literalmente chegou falando 'chega disso aí, bora falar a verdade do que está
acontecendo, nós já estamos com você a tempo suficiente - o episódio pecou em
entregar o desenvolvimento que esperávamos. O Graham foi um dos personagens
mais negligenciados durante os 70 minutos de especial e claro, deixou espaço
para o Capitão Jack Harkness brilhar. Não existe no universo de Doctor Who
alguém que ame mais essa série do que John Barrowman. Ver o nome dele nos
créditos novamente me emocionou, ver ele encontrando a Doutora me emocionou,
ver que mesmo depois de tanto tempo, a química dos dois continua intacta me
trouxe de volta a primeira temporada da New Who, onde tudo era novidade e tudo
fazia meu olho brilhar. Me fez odiar um pouquinho Steven Moffat, não vou
mentir, por não ter dado a chance desse personagem tão importante para a
mitologia de Doctor Who, encontrar outros Doutores. Vocês conseguem imaginar,
Jack Harkness e o 12ª Doutor? Não haveria espaço na TARDIS para tanta química.
Partiu dele as melhores lembranças, partiu dele a sensação de nostalgia e
partiu dele a volta daquela sensação de carinho eterno de Doctor Who. Não vai
existir um momento onde iremos cansar desse personagem.
Em 70 minutos de episódio, Doctor Who entregou uma história redonda que nos fez voltar no tempo para a era de Russel T Davies quando todos os Daleks estavam sempre voando pelo céu de Londres. No final acredito que todos nós nos emocionamos mais do que esperávamos com a despedida do Ryan e do Graham. Ryan queria seguir sua vida na terra e seu avô só queria passar o máximo de tempo possível com ele, na terra, no espaço, onde fosse. O importante para o Graham desde o começo sempre foi poder estar com o seu neto e sinceramente, não existe sentimento mais bonito. Quanto a Doutora vimos que os acontecimentos de Timeless Children ainda a afetam de maneiras que não entendemos completamente. Percebemos também que apesar da 13ª Doutora ter sido apresentada com arco-íris e felicidade, durante sua era vimos que o desenvolvimento da personagem mostra claramente uma falta de habilidade ao lidar com os sentimentos trazidos pela sua nova regeneração. Ela não consegue ficar triste, ela não consegue lidar com a tristeza na despedida do Ryan e do Graham, a Yaz tem que falar pra ela que está tudo bem sentir aquilo, no momento em que ela está pronta para mudar a linha temporal e impedir que eles seguissem com suas vidas. Isso ressalta ainda mais os momentos onde ela quer passar que está tudo bem, quando na verdade está claro que por baixo de tudo ela está com medo e passando por um turbilhão de emoções. Isso explica porque ela não conseguia se comunicar com eles e o que antes nós chamávamos de falta de empatia. No final ela não pensou duas vezes antes de chamar mais Daleks para a terra. Existem mais camadas na personalidade dessa Doutora para serem descobertas.
A Yaz demonstrou
que tem sim potencial para estar em mais uma temporada. Ela foi claramente a
Companion mais desenvolvida e usada durante o especial e seus momentos com o
Capitão Jack foram memoráveis. Me faz pensar que talvez a entrada de mais um
Companion não seja de todo o mal.
Doctor Who abriu 2021 de forma
espetacular, com suas referências e emoções. Podemos agora só aguardar pela 13ª
temporada esperando que o que vem por aí seja tão bom quanto.
Só do Chibnall não ter dado um final trágico desnecessário para um companion do Doutor já faz ele melhor que o Moffat.
ResponderExcluirExatamente!!!!
ExcluirVou postar aqui um pouco do trecho que mandei no email pro DWBRCast pq acho pertinente de falar.
ResponderExcluirUm questionamento que pensei enquanto lia os Tweets do Baruc e até respondi ele lá. A doutora ficar presa por décadas ou 4 dias lá dentro, n fez diferença pro Plot do Episodio. Eu espero q seja mais abordado e falado sobre na series 13, por quê se ela tivesse fugido de gallifrey em timeless children, encontrado o Jack num bar e resolvesse apresentar ele pra Fam e nisso errar a Data por 10 meses(ja aconteceu inúmeras vezes antes) teria exatamente o mesmo desenvolvimento de episodio que recebemos em revolution, pra tanto foco na prisão durante a divulgação do especial, ela se tornou só um cantinho de 4 minutos usado pra fanservice, que não teve real valor dentro do episodio após os 20 minutos iniciais e até o motivo pra Doutora ser presa foi um motivo banal e pareceu jogado só pra ter uma desculpa.
Só digo que vou sentir muita falta do Graham e do Ryan.Eu me apeguei demais a eles e foi dificil dizer Adeus...
ResponderExcluirQueria que o Ryan e o Grahan continuassem, seria incrível, mas só o fato deles não terem um final tragico já me deixa alegre, e dá a brecha (quem sabe) de uma outra aparição deles.
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