Russel T Davies nos leva para dentro do primeiro especial de Natal de Doctor Who.
"No segundo ano, já
estavam chamando de 'tradicional especial de natal de Doctor Who'." lembrou Russell T Davies, que naquela época era o produtor executivo da série que
tinha acabado de retornar para a televisão naquele mesmo ano, voltando de um
longo hiato.
Muita coisa mudou nesses 15
anos de hiato. A série então passou a ser estrelada por Billie Piper e David
Tennant, após o mesmo assumir o papel deixado por Christopher Eccleston no
final da primeira temporada da New Who.
Mas o homem que trouxe Doctor
Who de volta e criou a tradição do episódio de Natal, esse ano vai ligar a tv
no dia de ano novo para o especial, Revolution of the Daleks que conta com
Jodie Whittaker como a Doutora no papel principal.
"Oh Deus, sim" ele
contou a EW. "Mal posso esperar para o especial desse ano. São os
Daleks novamente, e Jodie Whittaker. Estou muito animado. Mal posso
esperar."
Confira abaixo a entrevista completa d Russel T Davies falando sobre como foi escrever o primeiro especial de fim de ano de Doctor Who e porque David Tennant não usa um macacão na TARDIS.
EW: Essa pode não ser a maneira mais profissional de começar uma entrevista, mas eu
assisti o especial de 2005 ontem e eu chorei durante todo o episódio. Minha
namorada que não é tão Whovian ficava falando: "Porque você está chorando?
Isso não é triste!"
Russell T Davies: Eu
amo isso, eu amo isso. Eu amo uma boa reação emotiva para Doctor Who. Ninguém
ama mais Doctor Who que eu, e eu não poderia ficar mais feliz com esse retorno.
Mesmo nos dias de hoje, eu fico muito feliz.
EW: Como
você teve a ideia de fazer um especial de natal?
Russell T Davies: A
primeira encarnação não tinha um especial de natal. Bem, lá em 1965, tem um
episódio de Doctor Who que foi transmitido no dia de natal onde o Doutor olha
pra câmera e fala "Um feliz natal para todos" que até hoje continua
assustando os fãs. Porque você começa a se perguntar o que é cânon e o que não
é.
Para nós, foi a BBC que pediu.
Nós trouxemos Doctor Who de volta em 2005. Eu estava tão inconsciente da
possibilidade de um especial de natal que eu fiz um episódio de natal na nossa
primeira temporada, onde o Doutor encontra Charles Dickens, no dia de natal e
está nevando e tem fantasmas. Então secretamente esse é o primeiro episódio de
natal, só não foi ao ar no natal. Nós lançamos a primeira temporada em 2005 foi
um sucesso tão grande que a BBC virou e disse: "vamos fazer um especial de
natal", eles encomendaram mais duas temporadas e mais dois especiais de
natal de uma vez. O que foi incrível, mas eu vi minha vida desaparecer (rindo)
eu pensava, alguém feche logo as portas da prisão! Mas eu não poderia estar
mais feliz. É muito diferente nos EUA, eles não passam grandes programas no dia
de natal certo? Aqui, no dia de natal, são as maiores audiências, porque é
quando as maiores séries passam. Então não era apenas um especial de natal, era
uma vaga garantida no dia de natal, às 7 p.m., esse é literalmente o coração da
programação para o ano todo. Era como receber o melhor presente da televisão britânica.
Então tínhamos que aumentar os riscos! Tínhamos que entregar o maior e melhor
blockbuster e entreter a todos!
EW: Você
também estava apresentando um novo Doutor.
Russell T Davies: Sim,
sim. Do ponto de vista de vendas para um especial de natal, não poderia ter
sido melhor. Um presente colocado nas minhas mãos, venha e conheça o novo
Doutor! E David Tennant se tornou um dos Doutores de mais sucesso.
Foi uma grande onda de energia. E foi muito legal. A série tinha terminado em
um cliffhanger, um novo Doutor chegando, então eu poderia finalizar esse
cliffhanger no especial de natal. Isso garantiu que alguns telespectadores
viessem juntos. Mas acho que o especial de natal tem que trazer todos os telespectadores,
não apenas os fãs. Todo tem que assistir esse episódio.
EW: Nesse
episódio o Doutor de David Tennant pergunta "Quem sou eu?" qual foi
sua abordagem no que diz respeito a escrever esse Senhor do Tempo?
Russel T Davies: Bom,
exibir todas as habilidades e poder e paixão do Doutor. Quer dizer, é um bom
truque no episódio que ele não aparece por 40 minutos. Eu achei que se tivesse muito
dele nos primeiro 10 minutos as pessoas poderiam ver o novo Doutor e então se
afastar e ir comer sua ceia de natal. Eu estava consciente de que teria que
manter as pessoas ligadas na tv, por isso eu o segurei por 40 minutos e então
nos 20 minutos finais ela faz absolutamente tudo que qualquer outro Doutor fez
antes. Ele é deslumbrante, verbalmente e fisicamente. Ele luta com uma espada,
ele ganha a luta, derruba a primeira ministra com seis palavras. Ele é engraçado,
dramático, ele é tudo. Ele é absolutamente tudo em 20 minutos. É como se fosse
a audição de todas, não para o David, ele já tinha conseguido o papel, mas era
como se ele tivesse sendo testado para o público britânico dizer: "Eu
gosto dele." E eu acho que eles gostaram, Funcionou!
EW: Ele
acaba com a mão cortada. Você recebeu alguma reclamação ou observação sobre isso?
Russell T Davies: Oh, não, não. De jeito nenhum. Não teve
sangue. Todo episódio que eu fiz para Doctor Who nunca teve sangue, porque é
uma série familiar. Passa às 7 horas da noite, você literalmente tem crianças
de 4 anos assistindo Doctor Who, então essa é uma política que eu me impus -
não a BBC. Então acho que ninguém reclamou. O episódio estava tão legal nesse
momento. E você vê mãos sendo cortadas. É uma referência a The Empire Strikes
Back. E você vê crescendo de novo. Que coragem! (risos).
EW: Você
também apresentou um novo guarda roupa para o Doutor. Qual era a ideia por trás
do look?
Russell T Davies: Na
série moderna, essa era a primeira vez que você via outro cômodo na TARDIS,
porque nunca tínhamos muito dinheiro. Nós tínhamos a ideia de ter portas
ligando a outros cômodos dentro da TARDIS, que nos anos posteriores nós
conseguimos, devagar adicionamos isso a série, mas esse era meio que um
presente de Natal para os fãs. Muitas das roupas penduradas eram das antigas
temporadas, desde a década de 60. Você pode ver o casaco de Steven Taylor
pendurado, e Steven foi um companion do primeiro Doutor em 1965. Então nós tínhamos
pequenos presentes para os fãs de longo termo que gostam desse tipo de detalhe.
Eu sou uma dessas pessoas.
O principal era David estar
contente, por que era a roupa que ele iria estar dia e noite. Nós variávamos,
as vezes o colocávamos em um terno, as vezes o colocávamos em uma versão azul
daquele mesmo termo - mas de verdade, era o que ele queria. Obviamente tínhamos
que gostar também. Se ele tivesse dito que queria fazer todo o episódio em um
macacão, talvez teríamos que conversar. Mas para um homem bonito estar em um
terno, não havia dúvidas que a roupa funcionava. Nós amamos.
EW: De
onde veio a ideia para os vilões do episódio, de onde surgiram os Sycorax?
Russell T Davies: Eu
queria uma raça de grandes invasores alienígenas. Era bem simples (risos). Em uma história de ficção cientificas, as
espaçonaves e as criaturas são sempre feitas de metal. Tendo feito a primeira
temporada com os Daleks e espaçonaves e estações espaciais, eu meio que queria
um sentimento mais físico, com rostos feito de ossos, vivendo dentro de pedras,
mas que ainda fossem poderosos, com um imenso poder tecnológico. Era um olhar
diferente.
EW: Nos
anos seguintes, você sempre teve o próximo especial de natal na sua cabeça?
Russell T Davies: Sim, todo ano o Especial de natal era planejado antes. Eu amava. Deixa-me te contar, eu assisto televisão profissionalmente. Toda a minha vida, o dia de natal tem sido o grande dia para a televisão na Inglaterra. Só de acordar naquelas manhas e saber que tínhamos um episódio naquela noite era emocionante. Profissionalmente e pessoalmente, significava muito para mim. Eu amava. Eu amo aquele horário mais do que tudo.
Fonte: EW.
Tradução: LUV Doctor Who Brasil.